Olá a todos!
No dia 17 de Maio o blogue da Diana completou 12 anos e deixamos aqui os textos deixados por ela.
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Transcrição:
Hoje, 17 de Maio, foi o dia em que o blogue foi criado. Mas, mais do que a criação do blogue, 17 de Maio de 2009 foi a data em que decidi mostrar os meus escritos para quem quisesse ler. Hoje são feitos 12 anos. E a cada ano que passa já não sinto a comemoração de outros tempos. Em 12 anos poderia ter feito tanta coisa, mas o meu ritmo talvez seja diferente. Não vou colocar a culpa em editoras, em resposta de projetos, em nada disso, se tiver que colocar a culpa em alguém será em mim mesma.Desde que os 10 anos foram feitos que as comemorações são menores e a vontade de celebrar mais uma data é praticamente nula. A culpa é totalmente minha se os anos celebrados não foram ao mesmo ritmo da minha escrita.
O Blogger esteve presente nos melhores e nos piores momentos da minha vida. Em 12 anos, ele sempre "viu" os meus fracassos e as minhas vitórias e os meus leitores puderam conhecer isso através dele.
Poderia já o ter encerrado, poderia já o ter excluído, desde que completou os 10 anos, porém, se há coisa que ainda não me move totalmente nesse sentido, são as recordações de outros anos. E enquanto essas recordações tiverem peso, eu não o farei.
Mas, no dia em que as recordações já me parecerem banais, porque não têm mais o peso, ou porque simplesmente ninguém vive de recordações, podem ter a certeza que o blogue será encerrado no dia seguinte.
Mas esse dia não é hoje. Hoje ainda vivo de recordações, ainda vivo de memórias. Já não são tão pesadas, mas ainda cá estão.
2015 foi o primeiro pior ano para mim. Mesmo tendo lançado o meu primeiro livro, ou seja, me tornado autora publicada, tudo o resto estava muito em baixo. Diferente de apenas uma quebra de seguidores e leitores que eu passava no blogue, este ano foi mais do que isso. Eu descobri o pior do mundo literário, o pior do mercado editorial. Não vale a pena colocar as culpas nesse mundo, se a culpa é nossa, no entanto, às vezes, é necessário para podermos nos libertar. O mercado cheio de falsidade, artimanha, a bolha do erotismo e da fantasia que enche o site da Amazon e tudo o que é estante de livrarias e bibliotecas, os livros importados que os leitores decidiram enfiar, a desvalorização do autor que não escreve nem erotismo e nem fantasia. Enfim... descobri a parte triste de todo esse mundo editorial. É triste não ter reconhecimento por um trabalho tão árduo, tive o ano de 2015 inteiro a entender o lado cruel da realidade. Não se escreve um livro do dia para a noite, não se publica um livro pagando pouco ou nada e depois de se publicar, todos os dias da nossa vida são dedicados à divulgação ou o investimento foi feito para nada. Há dias em que, mesmo divulgando, sentimos que o nosso investimento não valeu de nada. Tenta-se a divulgação, criando artes, aborda-se blogues, mas ninguém parece interessado. Algumas pessoas que não têm dinheiro para comprar, em vez de divulgarem, nem sequer uma palavra de incentivo dão após o lançamento da obra. O livro importa, tem valor.
Quando cheguei a este momento em que o público não recebia a obra, questionei-me. Será que escrevia bem? Se escrevia mal, porque comentavam que a história estava boa? Haveria mentira nos comentários? E se a culpa não é do mercado, mas de mim, que sou um fracasso? Os medos em mim própria cresceram em 2015. Questionei-me, bastante na verdade. Foi um ano totalmente pavoroso para mim. Coloquei em causa o meu trabalho, a minha capacidade e até a minha curta autoestima.
2016 foi mais um ano de trabalho e indecisões. Questionei-me também, mas foi o ano em que me resignei. A vida é assim mesmo, não é um jardim de flores todo bonitinho. Aprendi. Cresci. Parei de sonhar alto. Descobri que não valia de nada e só nos deixa mais amargurados. Nunca olhei para as minhas histórias ou contos como se fossem preciosidades, mas olhei sempre como algo vendável, comercializável, que, na verdade, é que se pretende. Mas esqueci-me que nem todas as histórias são comercializáveis.
2017 foi o ano de aprendizagem. Tive que crescer com o triste deste mundo editorial. Tive que crescer com tudo isto. Tive que aprender a caminhar pelos espinhos de rosas que me apareceram e apareciam à frente. Consegui lançar o segundo livro sabendo já com o que contava. Cresci. Passei a ser mais realista e menos sonhadora. Moldou-me.
Há quem me chame pessimista, mas todos concordam comigo quando chegamos ao final e reparamos no que aconteceu. Eu sempre estive certa. Fui realista, afinal.
2018 e 2019 foram anos mais calmos no blogue. Já tinha crescido mentalmente. Já tinha aprendido.
2020 foi um ano calmo, um ano em que escrevi, um ano em que consegui estar mais presente na Internet. Este foi o ano em que me tornei mais ativa no projeto Fábrica de Histórias e que me tornei colaboradora da Revista Perpétua. Este foi o ano em que me senti feliz por estar a realizar outros sonhos. Tendo em conta que como escritora as coisas não tinham começado bem, consegui me dar bem em outras áreas.
Quanto a 2021? Não sei, vou a cinco meses e muita coisa já aconteceu. Consegui abrir uma revista literária lusófona chamada Rabisca. Mesmo que ela não consiga ter o sucesso imaginado, é algo que deixarei no meu currículo e que me vai fazer crescer. Não vou sonhar, vou me manter com os pés na terra, porque já percebi como as coisas correm.
Não sei como vou terminar o ano, se bem, ou se péssima. Por enquanto, sobrevivendo. Não é um ano semelhante a 2015, mas é um ano que pode ser semelhante a 2019, com lembranças de 2017. Mas espero que não seja isso, de todo.
E como lembrete: Não estou a comemorar 12 anos de blogue, estou apenas a relembrar que faz 12 anos que deixei os meus escritos ao mundo. Apenas isso. 12 anos são um peso enorme para algo feito que nem parece ter 5 anos.
Acho que parei no tempo..."
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