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Seja bem vindo ao blogue de fãs da Diana Pinto. A Diana é uma escritora do Blogger e autora, conhecida por escrever as histórias de mistério "A Escola do Terror" e "Encontro com o 666". A primeira lançada em livro em Outubro de 2015 e a segunda em Novembro de 2017.
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quinta-feira, 17 de novembro de 2022

"Não deixei de ser escritora", diz Diana Pinto

 Conversámos com a Diana Pinto, após cinco anos do lançamento da segunda obra, Encontro com o Passado.

 A autora e crítica literária fala-nos sobre as suas obras futuras, sobre os seus projetos pessoais, a literatura lusófona e autores.

 O que aconteceu desde 2017, o momento em que publicaste o teu segundo livro, "Encontro com o Passado"?

 Muita coisa aconteceu nestes cinco anos que passaram. Em 2018, participei em mais desafios literários, entre eles o World Cup Literário. 2018 foi um ano dedicado à venda do segundo livro.

 Em 2019, tive contos em projetos literários, em revistas, entre elas o LiteraLivre. Também estive em projetos de escrita criativa. Dei uma maior atenção ao meu blogue, já que faria 10 anos nesse ano. Nesse mesmo ano tornei-me parte do projeto Fábrica de Histórias, criado pela Michele Bran.

 Em 2020, tornei-me colaboradora da Revista Perpétua. Participei de antologias. 

 Em 2021, criei a Revista Rabisca.

 E neste ano encontro-me mais ativa enquanto crítica literária/resenhista.

 Quanto ao World Cup Literário, este ano está a começar um novo mundial/uma nova copa, será feito novamente?

 Talvez sim. É um desafio que dá para se conhecer novas obras. Na época parecia algo novo, mas quem participou gostou de o fazer, portanto penso que farei novamente.

 Depois do lançamento dos dois livros, participaste em diversos projetos literários, tiveste contos em revistas e antologias. Por que não um novo livro?

 Não quis publicar algo tão cedo. As pessoas não sabem, há coisas que nunca contei, mas o lançamento dos dois livros teve coisas más. Teve coisas menos boas. Eu não tive o marketing necessário, por exemplo. O primeiro livro passou por um breve flop, como dizemos, até ter chegado o lançamento do segundo livro. Mas tenho a sorte de ser reconhecida como "a escritora de 'A Escola do Terror'", há quem não tenha esse "privilégio" de ser reconhecido pelo lançamento do seu primeiro livro. Mas isso não aconteceu devido ao lançamento do livro. Isso deveu-se ao meu blogue e aos leitores que tive pelo meu trabalho lá. Houve muita coisa que pecou na publicação dos meus dois livros e na época não percebi. Hoje faria algumas coisas de forma diferente, mas não trocaria de escolhas de projetos.

 Por esse motivo, é que decidi participar de antologias e enviar textos meus para projetos. O marketing foi algo que faltou nos meus dois livros e eu precisava dele.

 Só para terem uma ideia, em 2015, antes de publicar "A Escola do Terror", eu era conhecida como a escritora do Blogger que também era crítica literária / resenhista que fazia críticas negativas a obras famosas. Crepúsculo foi uma das minhas mais conhecidas críticas, por exemplo. Escrevi uma crítica negativa, na época. E aquilo expandiu para a blogosfera.

 Em 2017, eu era a "escritora de "A Escola do Terror". Eu não posso me queixar. O Blogger foi quem me deu mais coisas incríveis. Mas eu precisava de marketing.

 Nesse marketing a editora não ajudou?

 Boa questão! Em Portugal há uma variedade de editoras, todas elas trabalham de formas diferentes. A editora ajudou a criar o livro, mas o marketing... a menos que o autor já seja muito reconhecido, tem sempre que trabalhar.

 Eu só descobri isso depois de 2017. Em 2015 e em 2016 só percebi que algumas das pessoas que nos conhecem pessoalmente não vão comprar os nossos livros. Eu tive familiares que nem apareceram no lançamento das minhas obras. Tenho família que nem tem os meus livros. Mas os desconhecidos, leitores que nunca me viram pessoalmente, compraram os livros. Essas pessoas merecem tudo. Não só um autógrafo, merecem o respeito e o carinho do autor, merecem uma atenção. Já os familiares, e colegas, e amigos... eu não sou escritora para eles.

 Em 2017 comecei a entender de mercado editorial. E saber do mercado é necessário para o autor.

 Saber sobre como funcionava o mercado editorial deixou-te triste?

 Depressiva talvez. Mas tive que me contentar. Há muita coisa estranha no mercado editorial. Não só entre o "peixe graúdo", como se costuma dizer, mas também entre autores. Não sei se sabem, com certeza sabem, mas há autores que vendem as suas obras em PDF em grupos no Facebook. Marcam amigos, espalham por aí em rede social. O problema nem é o PDF, eu já resenhei inúmeras obras em PDF, o problema é o marketing. O próprio Facebook até identifica como spam algumas dessas publicações. É mesmo chocante. Temos autores novos no mercado, a que se diz nova geração, que vendem as suas obras em PDF, que deixam os seus livros em grupos no Facebook em PDF para serem lidos. Esse grupo de autores contribui para um aumento do plágio e da pirataria que é absolutamente surreal. Percebi que isso tem ocorrido mais em Angola, não entendo ainda porquê, mas também acontece no restante mercado literário lusófono. É um pouco revoltante, talvez. Mas uma única pessoa não consegue mudar nada, ou um pequeno grupo.

 Sobre o mercado literário lusófono, quando é que começaste a perceber sobre como funciona?

 Comecei a inteirar-me em 2020. Em 2017, comecei a perceber sobre o mercado editorial em Portugal, pelo meio do meu blogue fui percebendo sobre como as coisas funcionavam no Brasil, tudo ficou ainda mais fácil quando me tornei colaboradora da Revista Perpétua, depois em 2021, com a criação da Revista Rabisca, consegui saber mais sobre como funcionava o mercado editorial angolano.

 Voltando atrás para os projetos literários que divulgam autores, sempre tiveste confiança nos projetos onde enviaste textos?

 Eu pesquisava sempre primeiro. A Revista LiteraLivre sempre foi de confiança. As antologias em que participei também eram. Só tive um problema com um jornal que até era próximo de mim. Mas não quero recordar esse momento. Aconteceu, escrevi um texto de atenção e passou.

 Como ocorreu o momento em que te tornaste colaboradora do projeto Fábrica de Histórias?

 A Michele Bran, criadora do projeto, pediu pessoal em 2019. Ela não estava a conseguir dar conta de tudo sozinha. Algumas pessoas responderam, eu incluída, e acabei por ficar.

 Como surgiu a criação do podcast?

 O podcast foi algo pensado entre todos. O Chá de Dezembro acabou por surgir. Um nome fácil já que o meu aniversário é em Dezembro e sou conhecida por beber um chá com o "amigo vermelho" por causa dos meus textos. Hoje, com o afastamento de duas pessoas da equipa, o Jornal da Fábrica tornou-se mais ativo.

 O que o projeto Fábrica de Histórias tem ajudado?

 O projeto tem ajudado a conhecer mais autores e a conhecer mais sobre o mercado editorial, principalmente o brasileiro.

 E o que a Revista Perpétua tem ajudado?

 A mesma coisa! A Revista Perpétua ajudou-me a entender o mercado independente brasileiro. Algo que se encontra muito mais desenvolvido do que o português. Cresci muito e aprendi bastante. E ainda aprendo.

 Como e quando é que surgiu a Revista Rabisca?

 Eu sempre tive a ideia de criar algo que abrangesse a literatura em língua portuguesa. A ideia da revista acabou por surgir. Mas não queria seguir em frente sozinha. Então sugeri a ideia à Elisa Rodrigues, também escritora, que eu conheço pessoalmente.

 A Revista teve uns percalços, entre eles sobre as resenhas. Agora que já passaram alguns meses, podes dizer-nos o que pensaste sobre isso, como te sentiste?

 Eu tive que pedir desculpa em nome da revista. A Elisa nunca tinha feito resenhas antes. Era a primeira vez dela. Claro que há críticas negativas que temos que fazer, às vezes, mas há que ter algum tato. Claro que acabei por falar com a autora, algumas autoras, na verdade, mas tudo acabou resolvido. Claro que depois mudámos a divisão de trabalhos. Enfim... o facto de já ser crítica literária há alguns anos talvez tenha ajudado a manter a confiança.

 Quanto a seres crítica literária, deixaste de publicar, isso significa que vais parar?

 Não. Não irei parar. Eu precisava de marketing, já era crítica literária, participei de antologias, enviei textos para revistas e projetos, tornei-me colaboradora de revista, criei uma, mas eu nunca parei de escrever. Aliás, eu não deixei de ser escritora, eu sou crítica literária e escritora. Quer dizer, eu sou escritora, crítica literária, podcaster e criadora de conteúdo. Portanto, eu ainda irei publicar mais obras. Pretendo fazê-lo. Quero ainda publicar obras em Angola. Ainda tenho sonhos por realizar quanto a publicação de livros.

 O teu nome como crítica literária cresceu muito neste ano. Fizeste por isso? Achas que foi graças à Revista Rabisca?

 Eu fiz o meu trabalho enquanto crítica literária crescer neste tempo. Claro que eu ainda sou reconhecida como a escritora de A Escola do Terror, mas também me identificam como resenhista. Eu sempre quis chegar ao mercado editorial angolano e consegui pela Revista Rabisca. Resenhar obras de autores angolanos novos no mercado também foi um sonho que quis atingir e tornar realidade. Consegui. 

 A parceria com a editora Esobrenós ajudou-te?

 Muito. Foi a primeira parceria que tive com uma editora angolana. O Lucas Cassule é um homem dos livros e consigo sempre aprender muito sobre como as coisas funcionam em Angola. A Ésobrenós Editora é uma das maiores editoras em Angola, com pessoal atento. Consegui resenhar livros incríveis e espero ainda resenhar muitos mais.

 Também dás aconselhamento/mentoria editorial?

 Sim. Comecei este ano, em 2022. Tenho alguns autores brasileiros e angolanos que querem publicar aqui.

 Lucas Cassule é um deles?

 Sim. Vocês já sabem! Mas não posso revelar mais nada.

 Ainda em 2022 escreveste o prefácio do livro Poemas de Sagitário, de Pietro Universo. Como te sentiste com o convite?

 Tal como escrevi, lisonjeada e nervosa. Eu não tenho o hábito de escrever prefácios, então senti-me bastante lisonjeada. Pietro Universo é um artiste (irei usar a linguagem neutra, mesmo que ainda não saiba totalmente usá-la como deve de ser) incrível. É completo. E possui coisas que alguns autores não têm: carisma, atenção e carinho pelos leitores. Foi um prazer conhecer este artiste. 

 Em 2023 teremos nova obra?

 Deixem-me ajudar alguns autores primeiro, resenhar e depois pretendo publicar a nova obra. Talvez não seja para 2023, mas sim, pretendo publicar mais obras e expandi-las para a lusofonia.

 Então o que teremos para 2023?

 Mais textos, espero eu. Mais aconselhamentos, mais resenhas. Mas não deixarei de escrever, isso é o certo.

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